A conhecida brincadeira de saltar e mergulhar quando se banha de rio teve conseqüências inesperadas na vida de Erisvaldo Ferreira. Aos 16 de idade, em um banho de cachoeira com os amigos, Erisvaldo mergulhou na parte mais rasa do rio e fraturou a coluna. “Eu não desmaiei, só não conseguia me levantar e nem mexer nada do pescoço para baixo”, explicou o rapaz, que daquele dia em diante teve sua rotina de vida totalmente modificada por conta do acidente.
Com conseqüências físicas imediatas, Erisvaldo parou de andar, explica que ficou dois anos deitado na cama sem nenhuma perspectiva de melhora, e até deixou os estudos de lado. Um dos fatores que contribuíram para o agravamento das lesões foi o socorro improvisado prestado no momento do acidente, os amigos não se atentaram ao risco de movimentar o jovem, e o socorreram de forma indevida, comprometendo ainda mais sua saúde.
O rapaz começou a fazer fisioterapia em clínicas particulares de Teresina, e foi em uma dessas sessões, que foi informado da existência do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), e de como o tratamento multidisciplinar da instituição poderia contribuir no seu caso clínico. No ano de 2008, Erisvaldo deu entrado no Ceir e com o inicio da fisioterapia, as conquistas foram sendo alcançadas aos poucos. As sessões na hidroterapia, arte, música, fisioterapia e terapia ocupacional, foram decisivas na vida de Erisvaldo, que aos 34 anos, reconquistou grande parte da sua independência.
O Ceir é uma referencia na reabilitação de pessoas com deficiência, onde são oferecidos recursos clínicos para adaptação, readaptação e reabilitação à condição física de cada paciente.
Adaptação
A perda da destreza manual era um dos obstáculos a serem superados pelo jovem. A terapia ocupacional que trabalha voltada as necessidades de cada paciente desenvolveu sistemas de adaptação para algumas das suas atividades de vida diária.
Para utilizar de forma eficiente o computador, a T.O desenvolveu um adaptador para o mouse, que facilitou a execução das tarefas na máquina contribuindo para deixar viva a vontade de prestar concurso para a área de informática. O segundo pedido de Erisvaldo foi um adaptador para o cortador de unhas, recebido, testado e aprovado pelo mesmo.
Terapia da Arte
Já no começo do tratamento dentro do Centro, Erisvaldo descobriu a afinidade com os pinceis, tintas e quadros. “No começo meu traço não era bom, foram três semanas só treinando, antes eram só rabiscos”, contou sorrindo. Com um acervo pessoal de cerca de 20 quadros, comenta que pintar se tornou, além de terapia, uma maneira de distração e lazer.
A terapeuta artística Roseane Serra acompanhou Erisvaldo durante todo tratamento e explica que no inicio ele não conseguia nem segurar o lápis. “Ele fez muito treino de traço, porque a intenção era que ele não se restringisse apenas a adaptadores e ele foi uma revelação!”, revela.
O tratamento feito na arte contribuiu para a reabilitação da coordenação motora fina, como também na expressão criativa, na comunicação, favorecendo a integração de conteúdos emocionais e trazendo maior harmonia, saúde física e mental, para a realização de metas construtivas do paciente.
Saudades
“Fiz muitos amigos aqui dentro, acho que conheço quase todo mundo”, foi como respondeu Erisvaldo sobre o que mais sentirá saudade quando, no final do mês, tiver alta do CEIR. É inegável que a progressão e melhora no caso de Erisvaldo foi conquistada pela sua vontade incansável de melhorar e conseguir independência. “Ele é muito determinado”, caracterizou a arte terapeuta Rosiane ao definir o simpático paciente.
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